Toda família tem espírito do empreendedorismo. O homem, uma vez que encontra a mulher de sua vida, tem a visão da maior empreitada que fará parte durante sua breve existência: a família.
As responsabilidades se multiplicam, afinal ele deu um grande passo rumo ao maior projeto que vai participar. No qual é 50% sócio-responsável por fazer dar certo. Após alguns meses ou anos é possível que um novo integrante faça parte da equipe. Quem sabe 2, 3, 4 ou mais de acordo com a vontade e desenrolar dos processos.
É engraçado e soa estranho falar sobre algo tão afetivo e emocional com uma linguagem mais corporativa, como se analisássemos um fluxograma de ações vitais.
Por mais que não façamos ideia de todas as etapas e alternâncias que a vida nos reserva, é invariável a condição de que, se você quer encontrar espaço na jornada para ser preenchido com qualidade, será necessário escapar da história que a maioria de nossos pais contaram, nas décadas de 70, 80 e 90.
Aquele modelo de 30 anos atrás não funciona mais. As pessoas evoluíram, o mundo evoluiu.
Empreender profissionalmente, se estabeleceu definitivamente em meu coração (sabe quando você pensa em algo e seu coração bate diferente?), no dia em que a avistei os olhinhos cor-de-mel-achocolatado da Sophia pela primeira vez.
Na época, em 2011, era responsável pelo marketing de uma indústria de sensores de temperatura. Trabalhava 40 horas semanais, perdia umas 15 horas indo e vindo para empresa toda semana e umas outras 10 horas nos finais de semana para aumentar a renda com pequenos jobs. Precisava de mais tempo para esposa e filha, mais dinheiro para pagar as novas contas que surgiam, mais do que algumas poucas horas semanais para brincar com Sophia, conversar e rir com a Tay, passear com os cachorros, falar com os amigos, minha mãe… além de uma enorme lista de coisas simples que considero importantes… e a grande maioria não estava acontecendo.
Durante o primeiro ano de nossa filha, minha esposa deixou a faculdade para se dedicar totalmente ao bebê. Não seria justo continuar vivendo normalmente, como se a responsabilidade por todos os cuidados fosse apenas dela. Passar apenas 1 hora com minhas meninas todas as noites era muito pouco. Perder momentos únicos me chateava e criava um enorme vazio de vida no peito.
Estava abrindo mão de tudo isso por quê?
Com o passar dos meses, notei que minha esposa, apesar de feliz com as novas descobertas diárias, estava frustrada, pois o restante de seus planos e metas estava pausado, sem data para prosseguir.
Foi então que, em uma noite, voltando pra casa de metrô já por volta das oito da noite, decidi tomar uma decisão definitiva: para surpresa dela contei que no dia seguinte avisaria na empresa que sairia em no máximo 3 meses para me dedicar ao lançamento de uma loja virtual que vinhamos conversando há um tempinho. Ela ficou assustada, eu também estava. Aquele friozinho na barriga aquecia meu coração.
Muito além da necessidade de ganhar mais (afinal havia um outro ser “humaninho” crescendo, repleto de novos sonhos e desejos) almejava vivenciar os próximos passos que Sophia daria. Dividir as tarefas com a Tay, uma menina de 23 anos que aceitou ser minha sócia no projeto-família e merecia se realizar em todos os aspectos possíveis tanto quanto eu. Prosseguir sonhando com suas individualidades, hobbies, carreira e ficar feliz, afinal, é muito melhor conviver com pessoas felizes.
Ela infeliz não me faria feliz, eu ficaria infeliz também… e o que dizer de nossa Sophia que iria crescer ao lado de dois infelizes.
Isso me apavorou e impediu que removesse da mente a ideia de começar algo novo que transformasse nossa rotina e expectativas para melhor.
Essa visão mais intensa e emergencial sobre a vida, pode ter surgido por viver uma infância um pouco mais solitária. Filho único com pais que trabalharam muito para me dar um lar, educação, comida boa e ficavam a maior parte do dia fora de casa. Aos 18, vi meu pai partir, um jovem de 47 anos. Sem tempo de relaxar e conhecer os netos, viajar mais, pescar ou simplesmente fazer as coisas que gostava.
Desde então, um eterno alerta ecoa dentro de mim, sobre a importância de aproveitarmos nosso tempo.
Tempo, essa é a palavra-chave do empreendedorismo
Tay também precisava de tempo, pra viver seus sonhos e transformar suas pesquisas, bom gosto e talento em parte fundamental do negócio. Assim, 2 meses após Sophia completar 1 ano e no meu primeiro mês trabalhando de casa, nasceu a CutiCutiBaby, uma marca e loja online de roupas e acessórios para bebês e crianças, inspirada em nossa filha, com a cara da Tay e meu toque digital.
Era a transformação que buscávamos. Desde que nasceu, Sophia foi nossa maior influenciadora e impulsionadora. Hoje, ela já tem 6 anos e a CutiCutiBaby, 5, desde aquela tarde em que fizemos nossa primeira venda online. Puxa! Como o tempo voa… parece que foi ontem.
Hoje é realizador olhar pra trás e ver tudo que construímos juntos. Mas o que enche meu coração de gratidão é saber que mesmo se um dia nada disso existir mais, o percurso foi prazeroso. O caminho do empreendedorismo que sempre percorremos em busca de algo a mais teve uma vista agradável.
Estamos sempre em busca de algo +
+ felicidade, + amor, + dinheiro, + lugares pra conhecer, + sabores para experimentar, + brincadeiras que nos divirtam, + alegria compartilhada ou na felicidade viva, + do mesmo. O ser humano satisfeito, cedo ou tarde, esmorece, sem novas metas e sonhos, a jornada fica sem sentido.
Hoje, a CutiCutiBaby, apesar de lançada em uma época difícil de nosso país, conseguiu encantar mais de 200 mil seguidores nas redes sociais. Conquistar mais de 10 mil clientes, lançar mais de 1000 produtos e o mais importante: nos deu tempo para viver e pensar em tudo isso. Enquanto pais, maridos e filhos.
Tempo para nos curtimos, nos ajudarmos, trabalharmos juntos, e ter o essencial durante a corrida em busca do fundamental.
E não foram só os negócios que evoluíram. A família também cresceu. Há 4 meses, Bento entrou pro time, somando felicidade, alegria e inspiração. Renovando nossas energias, esperanças e trazendo novos sonhos e desafios.
Qual o seu maior projeto? Quais são seus sonhos? Pelo que realmente vale a pena viver e lutar? O que está fazendo hoje para chegar onde deseja?
Nunca deixe de se perguntar e tampouco acreditar no empreendedorismo. É possível mudar o rumo de nossa história. Fica mais fácil se o amor for o combustível que nos desperta dispostos a ter êxito além da carreira ou dos negócios.
O sucesso na vida, não é a linha de chegada, é desfrutar do caminho “infinito” que só terminará quando deixamos de existir.
Dhemes Andersen, tem 35 anos, é pai da Sophia e do Bento, marido e sócio da Tayanna, filho da Dona Myrian, sócio-fundador da CutiCutiBaby, e sócio e amigo do Diego e do Wilson na FK+, uma agência que nasceu com o propósito de ajudar as pessoas a alcançarem seus sonhos.